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terça-feira, janeiro 10, 2012

Os momentos musicais mais aguardados em 2012

 Tem quem acredite que o mundo vai acabar em 21 de dezembro de 2012. Não sabemos se são os mesmos que previram o fim do mundo na virada de 1999 para 2000 e em mais umas quatro ou cinco oportunidades desde então, mas, acabando mesmo em dezembro (ou não), listamos 10 momentos até lá que devem transformam 2012 em um ano inesquecível.

10. Turnê dos Los Hermanos

A banda acabou em 2007, mas desde 2009 vem fazendo uma reunião anual para matar a saudade dos fãs (e jogar umas moedinhas no cofrinho, afinal, todo mundo tem conta pra pagar). A turnê passará por oito cidades durante o mês de abril, e fica a torcida para que este retorno da banda não apague o lançamento do primeiro álbum solo de Rodrigo Amarante, que deve chegar às lojas no primeiro semestre.

9. A volta do Stone Roses

Os ingleses decidiram pendurar a chuteira em 1996 após ter passado como um furacão pelo Reino Unido no começo dos anos 90, quando “The Stone Roses” (1989), o álbum, virou amuleto de toda uma geração. Principal comeback de 2012, a volta do Stone Roses fez sorrir gente como Liam Gallagher e David Beckham, além de 150 mil pessoas que compraram os ingressos de dois shows da banda em Manchester… em 14 minutos.

8. Discos novos nacionais

O disco solo do Rodrigo Amarante não está sozinho na lista de álbuns nacionais esperados para o ano que vem. Tulipa Ruiz também deve aparecer com seu segundo álbum, após a bela estreia com “Efêmera”, e Otto deve parir o sucessor de “Certa Manha Acordei De Sonhos Intranqüilos”, que até estava prometido para ser lançado no dia 11/11/2011, mas passou em brancas nuvens.

7. Discos novos gringos

Logo após lançar “The King of Limbs”, que dividiu fãs e critica, o Radiohead voltou para o estúdio e, desde então, trabalha naquele que será seu nono álbum. Pode sair há qualquer momento (não estranhe se entre você deitar na cama, acordar, tomar café e ligar o computador, a turma de Thom Yorke colocar o novo disco à venda através de um algum esquema maluco).

6. Festivais brasileiros

Um mundo de pessoas reclama do preço dos ingressos, da lentidão dos sites na hora da compra, da chuva, da lama, do banheiro, do estacionamento, do som baixo, dos atrasos e do preço alto da cerveja (não necessariamente nessa ordem), mas estará batendo cartão no Lollapalooza (que promete muito após o caso Perry Farrel), SWU (que promete melhorar, e a gente acredita) e Planeta Terra (que não deverá ser no Playcenter).

5. Brasil na rota de shows

Alguém falou para o resto do mundo que o crash econômico derrubou todos os países, menos a gente, e o resto do mundo deve baixar no Brasil para shows (ainda mais que em 2011). Prepare-se para quebrar seu porquinho atrás de moedas porque a coisa toda começa já em janeiro no Summer Soul Festival, e deve povoar o primeiro semestre (ao contrário dos anos anteriores) e superlotar o segundo (como sempre).

4. Quem pode aparecer por aqui

Já andaram falando no nome de Madonna, que deve lançar disco novo, filme, turnê, esmalte e novo namorado. É esperar. Wilco também está sendo bastante cotado (desde… 2007?). Outro que, parece, anda negociando seu visto de trabalho em terras brasileiras é Morrissey. Stone Roses também. Confirmados, confirmados MESMO, “só” Foo Fighters, Bjork, Roxette, Jane´s Addiction, Arctic Monkeys, Roger Waters. Bruce Springsteen só em 2013…

3. Festivais gringos

Uma reportagem no Guardian de semanas atrás alertava para a bolha de festivais europeus, mas parece que ninguém deu muita atenção. Mais de 30 grandes festivais povoam o globo neste momento já com headliners anunciados (Afghan Whigs no ATP, Bruce Springsteen no Pinkpop, Isle of Wight e no Rock in Rio Lisboa, Stone Roses em Benicassim e no T In The Park, Wilco no Primavera Sound, Radiohead no Optimus Alive, Pearl Jam e Red Hot Chilli Peppers no Werchter, Black Sabbath e Metallica no Download Festival…)

2. A força do rap

Emicida e Criolo terminam 2011 com seus nomes brilhando no luminoso em neon que resume o ano, e devem colher em 2012 os frutos do trabalho árduo. De Belo Horizonte, Flávio Renegado promete fazer barulho, mas é a inclusão dos Racionais MCs no line-up do Lollapalooza um sinal importante de que o rap está definitivamente (e felizmente) sendo absorvido pelas massas. Agora é esperar os próximos passos dessa turma. A pergunta que fica: será que em 2012 teremos disco novo dos Racionais?

1. A popularização do #rockincasa
Os momentos musicais mais aguardados em 2012
Redação Super 14 de dezembro de 2011

Com o preço alto dos ingressos e a quantidade enorme de shows que deverá passar pela Ilha de Vera Cruz, o esquema “pipoca, edredom, cervejinha e transmissão ao vivo” deve se concretizar em muitos lares brasileiros em 2012. Claro, com celular na mão para comentar muito no Twitter sobre o quanto tal show está chato, tal global está alterada e, principalmente, as gafes dos apresentadores comentaristas.

ESTIAGEM NO RIO GRANDE DO SUL

Seca: Rio Grande do Sul decreta emergência coletiva
 
Subiu para 107 o número de cidades em emergência por causa da estiagem. A decisão do governo gaúcho busca agilizar liberação de verbas federais e renegociação das dívidas dos agricultores com os banc
 
Falta de chuvas fez agricultores perderem lavouras inteiras. Governo decretou situação de emergência coletiva em todo o estado

 O governo do Rio Grande do Sul decidiu decretar situação de emergência coletiva em todo o estado depois de chegar a 107  o número de cidades que decretaram situação de emergência por causa da estiagem. O coordenador da Defesa Civil, major Ari Ferreira, explica que essa decisão tem o objetivo de agilizar o processo de renegociação das dívidas dos agricultores que perderam suas lavouras com os bancos e também a liberação de verbas federais.

"O decreto estadual contempla todos os municípios que encaminharam decreto de emergência", afirma o major. Os bancos exigem a apresentação do decreto do município onde está localizada a plantação para o agricultor acessar o seguro ou negociar a dívida. Segundo o major Ferreira, as áreas mais afetadas pela falta de chuva são Botucaraí, Planalto, Produção e Alto Jacuí. Boletim divulgado nesta segunda-feira pela Defesa Civil estima que 452.099 pessoas tenham sido afetadas até agora. Outros 34 municípios também foram castigados pela seca, mas ainda não entraram em emergência.

Nesta segunda-feira, o vice-governador do estado, Beto Grill (PSB), assina o Decreto de Emergência Coletivo em Boa Vista das Missões, no interior gaúcho, uma das cidades atingidas pela seca. A decisão de colocar todo o estado em situação de emergência foi tomada no final da semana passada em reunião do grupo de trabalho do governo do Rio Grande do Sul, que reúne várias secretarias e busca minimizar os efeitos da estiagem. O decreto deve ser encaminhado ao Ministério da Integração Nacional ainda nesta segunda.

Seca - A estiagem é provocada pela interrupção do canal de umidade vindo da Amazônia – que ficou parado na Região Sudeste e gerou as fortes chuvas na região – e pelo fenômeno La Niña, que esfria a água no Oceano Pacífico, diminuindo a evaporação da água e aumentando a seca.

MEDICINA

.A vacina antidengue
 
Um imunizante capaz de proteger contra todos os tipos do vírus está a um passo de virar realidade. Entenda como ele ajudará a apagar a doença que ameaça todo verão brasileiro
 

"Hoje há um consenso entre as autoridades de saúde de que é impossível eliminar de uma vez por todas o inseto que transmite a doença", afirma o infectologista Stefan Cunha Ujvari, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, um estudioso da evolução das epidemias. Ninguém nega que as campanhas de conscientização e combate ao vetor do bicho se refletem em uma queda no número de vítimas, mas também é fato que, sozinhas, elas não são capazes de purgar a doença — e essa invencibilidade, aliás, nos remete ao crescimento desordenado de algumas cidades, que continua fomentando a aparição e a permanência dos criadouros do mosquito.

Daqui a poucos anos, porém, esse panorama negro tem tudo para mudar. Se não dá para exterminar o inseto, por que não ensinar o sistema imune humano a se defender do vírus? Esse é o objetivo de uma vacina contra os quatro tipos do microorganismo, que já está na etapa final de testes. O produto, do laboratório francês Sanofi-Pasteur, é o candidato mais avançado entre os imunizantes do gênero e passa por estudos de eficácia, cujos primeiros resultados sairão no próximo ano. "A vacina foi aplicada em mais de 15 mil pessoas ao redor do mundo e, ao final do programa, teremos 45 mil", informa Pedro Garbes, diretor regional de pesquisa e desenvolvimento para a América Latina da farmacêutica.

Os testes também já começaram no Brasil e abrangem 4 mil voluntários. Dois trabalhos seguem em curso para analisar a segurança e a eficiência da fórmula francesa. "Imunizamos jovens de 9 a 16 anos, justamente a faixa etária com perfil de maior gravidade para a dengue", conta o infectologista Reynaldo Dietze, que comanda os estudos na Universidade Federal do Espírito Santo, uma das participantes. "A vacina tem se mostrado bastante segura e com poucos efeitos colaterais", adianta.

A nova leva de investigações, conduzidas em 15 países, incluindo o nosso — também estão presentes Austrália, Estados Unidos e nações do sudeste asiático e da América Latina —, quer saber agora até que ponto o imunizante protege. "Por ora, os dados sugerem que ele funciona, mas só estudos desenhados especialmente para isso irão determinar e mensurar sua eficácia", pondera Garbes.

Quem vê essa promessa de fora talvez não imagine as dificuldades que envolvem a criação da vacina. "Ela é fruto de mais de meio século de trabalho", diz Garbes — virando a página, você entende, em um infográfico, como é produzida para debelar a dengue.

Obter uma vacina antidengue é uma tarefa tão hercúlea por causa de alguns obstáculos impostos pela natureza. Para começo de conversa, não há modelos animais 100% convincentes para avaliar a fórmula. "Isso porque mesmo macacos não desenvolvem o quadro mais grave da infecção", diz Pedro Garbes. Além disso, de nada adianta aprontar um imunizante que bloqueie apenas uma das espécies, por assim dizer, do vírus. Se a gente pega dengue 1, por exemplo, só cria anticorpos contra esse vírus e eles não funcionam para barrar os outros tipos.

"O problema é que, ao sofrer uma segunda infecção, por outro vírus, o sistema imune pode potencializar a agressão, favorecendo a forma hemorrágica", avisa Stefan Ujvari. "Desse modo, um imunizante que combatesse somente os tipos 1 e 2 ameaçaria ainda mais quem pegasse os tipos 3 e 4", argumenta o infectologista pediátrico Luis Carlos Rey, pesquisador da Universidade Federal do Ceará. Esse raciocínio nos ajuda a compreender também por que, a cada verão, costuma mudar o inimigo que assusta determinada região — afinal, no ano anterior, as pessoas picadas pelo mosquito criaram imunidade contra o vírus daquela estação.

O perigo sumiria do mapa diante da proposta do modelo de vacina tetravalente, visto que o organismo seria estimulado a bolar uma defesa completa. Mas, como já dissemos, o imunizante, que requer três doses com intervalos de seis meses, ainda passará por provas e terá que responder a uma série de perguntas. "Uma das dificuldades é que a vacina precisa de cerca de um ano e meio para conferir uma proteção satisfatória contra os quatro sorotipos. Isso pode ser um problema quando lidamos com regiões endêmicas", avalia a bióloga Ada Maria Alves, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

Aliás, o produto da Sanofi-Pasteur, embora seja o mais próximo de ser aprovado para uso, não é o único que pretende acabar com a dengue. Há outras versões, semelhantes ou diferentes, estudadas mundo afora. Na Fiocruz, por exemplo, já se investiga uma estratégia que une uma fórmula parecida com a do laboratório francês a uma vacina à base de DNA. "Nos testes com camundongos, a combinação demonstrou que funciona melhor que os modelos isolados", conta Ada Maria. A questão é que levará um bom tempo até ela começar a labutar no corpo humano.

A perspectiva de um imunizante contra esse mal tão íntimo do brasileiro também não significa que, quando ele chegar aos hospitais, todos poderão deixar o mosquito de lado. "Os cuidados com o vetor continuam, sobretudo no início do esquema vacinal", analisa Rey. E, claro, enquanto não dispomos desse recurso, convém eliminar os criadouros do inseto — aqueles locais e utensílios que podem abrigar água parada — e correr para o pronto-socorro diante da suspeita da doença. "Buscamos capacitar mais profissionais de saúde e usar inclusive as redes sociais para ampliar a vigilância", diz Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde. Os inseticidas e larvicidas empregados pelos serviços municipais ajudam, mas precisam ser utilizados com inteligência, uma vez que oferecem riscos à população. E, além de cada um cumprir o seu dever, vale torcer pelo sucesso da vacina. Quando ela chegar, o verão será, sem dúvida, bem mais tranquilo.

Da transmissão ao ataque Há quatro tipos do vírus da dengue e eles são transmitidos para o ser humano na picada da fêmea do mosquito Aedis aegypti, que bota seus ovos em recintos com água limpa e parada. Uma vez dentro do corpo, o micro-organismo se reproduz na medula óssea, no fígado, no intestino e nos gânglios. Quando uma grande carga viral é despejada na circulação, há febre e dois dos seguintes sintomas: dor de cabeça, nas juntas ou pelo corpo, diarreia ou náuseas e vômito. Embora haja casos que até passem batidos, a dengue pode evoluir para a forma hemorrágica, quando a resposta desencadeada pelo vírus no corpo causa lesões nos vasos, e a água do sangue transborda para fora deles, provocando complicações. A chave para escapar delas é o atendimento médico rápido.

 
Foco no mosquito
 
Há cientistas atuando em outra frente de batalha: eles querem a extinção do Aedis aegypti. Em um experimento nas Ilhas Cayman, no Caribe, foram soltos insetos geneticamente modificados em laboratório que, ao cruzarem com os originais, já reduziram em 80% sua população. A vantagem é que esses novos bichos não chegam à idade adulta. Já na Austrália, foram injetadas bactérias no mosquito que anulam a proliferação do vírus.


Em busca da fórmula ideal
 
Esta linha do tempo resume a procura histórica pela vacina da dengue

1944-1945
O cientista russo-americano Albert Sabin (1906-1993) identifica os tipos 1 e 2 do vírus e lidera a primeira tentativa de vacina, que barraria apenas o dengue 1.

1956
Rastreados e identificados os sorotipos 3 e 4 — este último, diga-se, só começou a circular pelo território brasileiro recentemente.

1970-1980
É criado na Tailândia o primeiro modelo de vacina para frear de uma só vez os quatro vírus. Ela abre o caminho para as versões tetravalentes avaliadas hoje.

1994-2011
Por meio de parceria com centros de pesquisa, a Sanofi-Pasteur desenvolve e testa seu imunizante tetravalente. Hoje ele se encontra na última fase de estudos.


Por dentro da nova vacina
 
Saiba como é feito o imunizante e de que forma ele cria uma barreira contra a dengue

1. Os cientistas enxertam no vírus atenuado da febre amarela, que é muito estável e incapaz de provocar doença, um pedaço do genoma do causador da dengue. Essa operação é realizada para cada um dos quatro tipos de dengue. Assim, há quatro unidades diferentes com carapaças de dengue, mas com o maquinário interno de febre amarela.

2. A vacina, dotada desses quatro vírus falsos de dengue, é aplicada em três doses, com intervalo de seis meses entre cada uma. Ela instiga o sistema imune a desenvolver anticorpos para os tipos 1, 2, 3 e 4 do vilão. Isso impede que os vírus de verdade, ao penetrar no organismo, se apoderem das células e detonem complicações.
    



ADMINISTRAÇÃO

segunda-feira, janeiro 09, 2012

O pó da onipotência


A planta que brota nos Andes virou emblema da busca frenética do sucesso.

A cocaína é a droga da euforia. Cheirada, injetada ou fumada, ela incute em seus usuários fantasias de força, poder, beleza e sedução. Nasceu nos Andes, onde os indígenas têm o costume de mascar a folha da coca como estimulante. Entrou na Europa em forma de um pó branco, resultado do refino da planta sul-americana, e em menos de um século se tornou símbolo do estilo de vida frenético dos jovens executivos do mercado financeiro. Hoje, entretanto, suas maiores vítimas são os pobres, que passaram a ter acesso à droga com a difusão do crack – sua versão fumável e barata, que causa dependência quase instantânea. Uma escolha suicida.

 

Elixir mágico já foi vendido em farmácias
O efeito estimulante da coca, planta da qual se extrai a cocaína, já era conhecido pelos indígenas dos Andes muito antes da conquista espanhola, no século XVI. Mas seu consumo era rigorosamente controlado. Fora dos rituais religiosos, os únicos que podiam mascar as folhas eram os mensageiros, obrigados a correr a pé enormes distâncias, respirando o ar rarefeito da cordilheira. Os espanhóis generalizaram esse hábito ao distribuir coca aos nativos submetidos ao trabalho forçado nas minas.
A Europa só se interessou pela planta em 1862, quando o químico alemão Albert Niemann conseguiu, em laboratório, produzir, a partir da coca, um pó branco – o cloridrato de cocaína. No início, ele era vendido nas farmácias como remédio, misturado ao vinho. Só foi proibido na virada do século, quando os casos de morte pelo seu abuso come-çaram a assustar.
Mais do que a ilegalidade, o que levou a cocaína ao ostracismo foi o surgimento das anfetaminas, mais baratas. Mas, na década de 70, a gangorra se inverteu. Os efeitos nocivos das anfetaminas “reabilitaram” a cocaína. Associada à ambição e ao dinamismo, ela se tornou a droga típica dos anos 80. Passou a ser aspirada vorazmente por jovens angustiados e executivos pressionados pela competição nos negócios, os yuppies. Em festas, a oferta de pó pelos anfitriões se tornou um sinal de exibicionismo de novos-ricos.

Ficha técnica

Nome
Cocaína, crack, merla, pasta de coca.

Classificação
Alcalóide estimulante do sistema nervoso central.

De onde se extrai
Folhas do arbusto Erythroxylon coca.

Origem
Andes centrais (Bolívia e Peru).

Formas de uso
Aspirada, fumada e injetada.

O corpo turbinado

A coca é um estimulante poderoso.

Efeitos imediatos
1. Diminuição da fadiga, da fome e da sensibilidade à dor. Paranóia.
3. Aumento da pressão sangüínea. Taquicardia. Grandes doses podem causar parada do coração e morte.

Efeitos a longo prazo
1. Dependência e lesões cerebrais.
2. Mucosas nasais corroídas.
4. O crack irrita os brônquios e contém impurezas cancerígenas.
5. Perda de peso e alterações hormonais.

 

Euforia exige doses cada vez maiores
O cantor inglês Sting, ao lamentar a época em que cheirava cocaína, a definiu como “a mais patética das drogas, a maneira de Deus dizer que você já ganhou dinheiro demais”. Com a multiplicação dos casos de morte por overdose, a coca perdeu muito do seu atrativo como um símbolo de riqueza e de sofisticação. O avanço da heroína – que já conquistou o mercado europeu e se espalha pelo resto do mundo, inclusive o Brasil – é considerado um problema bem mais grave. Mas não se pode imaginar que o pó branco esteja saindo de cena. Uma estimativa da Organização das Nações Unidas de 1997 registra 13 milhões de usários – duas vezes mais que em 1984.
A cocaína costuma causar um efeito de euforia e agitação intensa. Seus usuários se sentem autoconfiantes, com vontade de falar e de se movimentar. Com o uso freqüente, passam a necessitar de doses cada vez maiores para reviver as sensações agradáveis do início. Surgem sintomas de distúrbios mentais, como mania de perseguição e a irritabilidade. Lesões cerebrais graves podem aparecer com poucos anos de uso. O dependente de cocaína tem insônia e falta de apetite. Os casos de morte decorrem, quase sempre, de doses exageradas ou de mistura com outras drogas. No Brasil, seu uso pela via injetável, entre grupos de viciados que compartilham a mesma seringa, é um dos principais fatores de disseminação da Aids.

Uma paixão que durou pouco

Quem diria: Sigmund Freud (1856-1939), o pai da Psicanálise, foi um adepto da cocaína. Ele provou a droga pela primeira vez aos 27 anos, no início de sua carreira médica, e se entusiasmou por aquele misterioso pó que fazia esquecer o cansaço. Passou a receitá-lo como remédio para diversos males, da depressão à cólica. Num texto de 1884, Sobre a Coca, escreveu: “É como se a necessidade de comida e sono, que se faz sentir em algumas horas do dia, simplesmente sumisse”. Além de recomendar o pó à mãe e aos amigos, exaltou suas propriedades em cartas apaixonadas à sua noiva, Martha – algumas delas sob o efeito da cocaína, que bebia diluída em água e, às vezes, injetava. A empolgação desapareceu diante da morte de um amigo ao qual havia receitado 1 grama de pó por dia. Freud abandonou a coca em 1887, aos 31 anos, e nunca mais a elogiou. Fez o que pôde para que seus artigos sobre a droga fossem esquecidos da sua obra.

Ingrediente original

O nome do refrigerante mais popular no planeta não é uma coincidência. Inventada em 1894, a Coca-Cola tinha, de fato, cocaína em sua fórmula original – e deve muito de seu êxito inicial ao efeito estimulante provocado pela droga, que, na época, circulava livremente. Um anúncio de 1888 sugeria: “Você vai ficar surpreso ao perceber como Coca-Cola reanima as mentes cansadas”. Em 1903 (quando a garrafa era a da foto ao lado), os fabricantes tiraram a cocaína da receita e a substituíram por cafeína.

A devastadora escalada do crack

O que preocupa mesmo as autoridades brasileiras não é tanto a cocaína em pó – mais consumida pelas classes de maior poder aquisitivo – e sim o crack, sua variante fumável, que vicia com apenas três ou quatro doses e faz efeito em menos de 10 segundos. Mais barato que a cocaína (uma dose custa cerca de 5 reais), o crack está se alastrando no país com uma rapidez comparável à de sua ação no organismo. A “pedra”, como é conhecida, chegou à Grande São Paulo em 1988 e, em dez anos, já conquistou 120 000 usuários – o que, no caso, é quase sinônimo de dependentes. Na parte mais decadente do centro da cidade, o tráfico criou uma espécie de feira livre de venda e uso da pedra, a Crackolândia. “Aqui todo mundo usa. A gente passa a noite pipando e de dia descansa”, disse à SUPER uma moradora de rua, de 46 anos. Na Crackolândia, é comum encontrar meninas de menos de 18 anos se prostituindo em troca de crack ou de dinheiro para comprá-lo. As maiores vítimas, em São Paulo, são os meninos de rua. Uma pesquisa do Cebrid com 38 crianças, em 1993, revelou que 48 delas fumaram crack naquele ano. Curiosamente, a droga é quase inexistente no Rio de Janeiro. Os traficantes de lá proíbem o crack, temendo que ele vicie os adolescentes que trabalham para o tráfico nos morros.
O crack surgiu nos Estados Unidos, no final dos anos 70. Era, no início, uma droga “de elite”, de uso restrito. Tornou-se uma epidemia ao entrar nos guetos miseráveis das cidades americanas, onde faz estragos entre os jovens negros e de origem latino-americana. Mas nem todos os viciados são pobres. O crack também seduz indivíduos de classe média e alta, atraídos pelo ambiente que envolve o consumo.

Mistura simples e mortífera

O crack custa menos do que a cocaína em pó porque é um produto mais grosseiro. As duas drogas partem da pasta-base da coca, obtida pela mistura das folhas esmagadas com querosene e ácido sulfúrico diluído. Até o pó, são necessárias outras etapas de purificação, em que entram éter, acetona e ácido clorídrico. O crack, em forma de pedra, é a própria pasta misturada com bicarbonato de sódio. O nome imita o som das pedras queimando no cachimbo, geralmente improvisado com um pedaço de antena de carro e um pote de iogurte. O efeito dura de 1 a 2 minutos.“É a droga com maior capacidade de criar dependência”, diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, diretor da Unidade de Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo.

Três vias para o cérebro

Qualquer que seja a maneira de usar, o efeito é sempre destrutivo.

CHEIRADA, a cocaína passa pelas mucosas nasais (1), pulmões (2) e coração (3). Parte vai para o fígado (4) e parte chega ao cérebro (5) em cerca de 1 minuto.

FUMADA, a droga atinge o cérebro (3) em cerca de 8 segundos, após passar pelos pulmões (1) e coração (2). O efeito também é mais breve.

INJETADA, na veia, a cocaína cai imediatamente na corrente sangüínea (1) e atinge o coração (2). De lá, será bombeada diretamente para o cérebro (3), em cerca de 10 segundos.